quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tirem os vegetarianos da sala!





Tirem os vegetarianos da sala, que eu vou falar de linguiça! Despudoradamente.






Linguiça é um embutido que acaba de perder o que eu mais gostava: o trema. Mas isso é do meu universo particular, não é pra se publicar. Não aqui.


Linguiça e seus correlatos estão no Índex de muita gente, mas não no meu, que conheço a da dona Osmarina. Ela faz linguiça com carne de lombo de porco picada (não moída, esfarelada), temperada e posta alguns dias no fumeiro. No fundo do quintal de sua casa. Portanto, é maison, e a melhor de Minas Gerais, embora feita no Estado do Rio de Janeiro, precisamente em Itaperuna, cidade onde não nasci, mas de onde vem minha família, suas preferências culinárias, seu paladar. É nosso terroir, enfim.


Não sou ortodoxa e assumo que gosto de comer pão com linguiça da Osmarina. Assim, vale a pena. Procuro o bom pão do dia. Se for depois das 11 ou meio-dia (o pessoal não é muito firme nos horários) - e é melhor que seja assim, porque antes do almoço só como frutas e vegetais na centrífuga -, pode ser, aqui no Rio, o pão do Garcia, o royale. A outra baguete, a comum, não anda boa. Mas esse é só um exemplo. Há uma espécie de concurso carioca: o da Farinha Pura, que é um pãozinho francês bem simpático, o da La Bicyclette, bem cotado, a baguete Terroir, do Talho Capixaba, o Ômega, da Escola do Pão...mas esses são os de grife, que é conceito fora de moda. Cada um que saia em busca do seu pão. A padaria da sua esquina pode bater um bolão. E cada um sabe o francês que lhe abre o apetite.


Ponho os pedaços de linguiça numa frigideira com um dedo de água. É para aferventar e tirar o excesso de gordura. Quando a água seca, começa a fritar na própria gordura que vai se soltando. Se a linguiça estiver em dias mais magros, ponho um fio de azeite ou óleo. Deixo ficar bem tostadinha. O melhor pão quente, passado rapidamente pelo forno, com aquela linguiça maravilhosa dentro...sei não, é de perder a cabeça.


Meu avô materno, que era um cara genial, fazia todos os anos uma feijoada pra umas 30 pessoas, no seu aniversário. Até o último, aos 88. De lei, a linguiça que chegava de Itaperuna. Então, tendo crescido nesse ambiente sem restrições alimentares, com alguns excessos e pecados já incorporados à minha dieta, sinto  liberdade de sair da linha uma vez ou outra. Sem muita culpa.   


Minha opinião é muito clara sobre alimentação: só vale comida boa. E, de preferência, ecologicamente correta. Evito os bichos. A linha é essa. Pelo menos, é o caminho que tento seguir. No meu corpo, só entra comida trash de vez em quando. Sou seletiva, e faz tempo. Mas vivo aqui, não gosto de resistir a tentações, via Oscar Wilde, e se sinto apetite, vou. Mas, religiosamente, logo a seguir, dou vários passos em direção a minha recuperação. No dia seguinte, portanto, reforço os sucos de vegetais, e preparo uma sopa détox.


Siga-me: para fazer a sopa, descasco e corto 2 cebolas, 3 dentes de alho sem os germes, um punhado de folhas de espinafre ou agrião, 5 buquês de tomilho, um de salsa, 1/2 de coentro, 4 folhas de sálvia, 1 molho de cerefólio(nem sempre encontramos, mas se...), um alho-poró (a parte branca toda e metade da parte verde), 1 bulbo de funcho (erva-doce), e refogo tudo em azeite, numa caçarola grande, por uns 10 minutos. Tempero com sal e pimenta. Junto um litro de água filtrada ou mineral, de fonte...Deixo ferver, tampo e deixo cozinhar por uns 30 minutos, em fogo brando, mantendo a fervura. Retiro os galhos de tomilho. 
Bato no liquidificador até ficar um creme aveludado, passo pelo chinois (aquele coador em forma de cone), junto um pouco mais de água se tiver ficado muito grosso,  e esquento bem porque é sopa para se degustar muito quente. 


Esta sopa funciona mesmo como um desintoxicante e pode - e deve - ser tomada uma vez por mês, para que a gente fique leve, e com a consciência tranquila.  





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