terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tem francesinha no salão...

Nada é o que parece. A francesinha em questão, por exemplo, é portuguesa, do Porto, e é um sonho de... sanduíche!


Tanta coisa é assim na vida! Comemos tanto gato por lebre, acreditamos na primeira leitura, nos sinais exteriores de riqueza, saúde, inteligência, educação, espiritualidade... E o engano sempre frustra. 


No nosso caso, claro, a francesinha-sanduíche não decepciona ninguém porque é um super-mega-hiperbólico projeto de arquitetura culinária. Em cima de um pão cortado ao meio equilibram-se um bife, um bom pedaço de linguiça, uma fatia de queijo, e o molho. As variações acrescentam ovo e presunto. E, sempre, um misterioso molho picante, à base de tomate e cerveja. Vamos experimentar.








Já andei conversando com uns amigos portugueses pra avaliar as versões do molho. Há o consenso de que refogando-se alho e cebola no azeite e acrescentando tomate ou sua polpa, cerveja, aguardente, vinho do Porto e vinho branco seco (a gente já fica embriagada só de juntar os ingredientes!)a um caldo básico de carne, deixando-se reduzir e apurar os sabores, juntando uma pimentinha, tem-se a chave do segredo. 


O bife e a linguiça são grelhados, o queijo vai ao topo do sanduíche pra derreter sob um grill muito quente, e gratinar. Rega-se a francesinha com o molho quente, abre-se aquela cerveja gelada (a melhor do mercado, s.f.f., sim, se faz favor!), que acompanha bem o prato, e chamam-se uns amigos pra ajudar, porque pode ser muita areia pro nosso estomagozinho. 




Diz a lenda que o senhor português que criou esse sande, pois é por "sande" que atendem todos essas criações em Portugal, do club ao hot dog, inspirou-se no croque-monsieur. E inspiração é assim: "You can find inspiration in everything", título do livro do Paul Smith, criador pra ninguém botar defeito, senhor das listras nos sapatos, nas roupas, nos carros, cadernos, carteiras, cadeiras...ah, mundo do consumo, do luxo, do bom gosto!...Mas voltando aqui para o nosso quadrado, a criação é possível desde que a gente saiba se inspirar, que olhe as coisas, ouça os sons, e leia as palavras com olhos abertos, ouvidos desentupidos, preconceitos e dogmas trancados a chave no porão. Aí, a vontade de copiar sem esforço até passa, sabiam? O fluxo criativo vem.  Se quiserem, posso fazer um megaupload...ah, não , parece que tiraram do ar...


Se a gente juntar a essa abertura para a criação um coração sem mágoas retidas, é festa...e não era Paris uma festa? Por falar nisso, já leram o livro do Sérgio Augusto, "E foram todos para Paris"? 


O fato é que com francesinha no salão, como canta a marchinha, é pré-carnaval retrô, então é festa mesmo! 


PS: não abuse do álcool, da linguiça, da carne, que é fraca...

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