quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Rei Alberto é coisa nossa!






Pode ser que cada um conheça uma história. A que eu tenho pra contar é essa, porque foi o peixe que me venderam. Fonte segura, claro.


No banquete oferecido no Rio de Janeiro ao rei da Bélgica, Alberto I, em sua visita oficial ao Brasil, em 1920, foi servida a sobremesa que ficou conhecida como rei alberto. Parece que a Confeitaria Colombo criou o doce nas cores da bandeira do homenageado: preto, com as ameixas, vermelho, com morangos, e amarelo, do creme de gemas...


Minha versão é carioca também, mas vem de uma cozinha do Cosme Velho, nos anos 60. Não leva ameixas, porque rei mesmo só come se for a rainha claudia (as ameixas de Elvas, sem duplo sentido!), os morangos estão representados pela gelatina vermelha... desculpem, mas o corante  é só porque noblesse oblige..., o crème pâtissière vem com força no amarelo das gemas caipiras e no perfume da baunilha da ilha de Madagascar. Para coroar o conjunto, merengue italiano e amêndoas em lascas tostadas no forno. 


Sei de outras versões que incluem abacaxi e coco, em forma de compota e baba de moça. Tipicamente kitsch, absurdamente doce. Vou deixar de lado essas tentações provincianas, e mergulhar fundo no que ditava o charme discreto da burguesia da metrópole. 


Às panelas! O crème pâtissière é simples, mas requer obediência cega de súdito. Numa panela de fundo grosso, 60g de açúcar, 45g de maizena, 1/2 litro de leite. Mexo até dissolver bem, usando o fouet(aquele chicotinho, digo, aquele batedor de arame), a fava de baunilha fendida e raspada, e em fogo baixo vou batendo até engrossar. Numa outra tigela/panela, fora do fogo, bato 6 gemas com os outros 65g de açúcar. Bem batidos. Junto os dois cremes e volto com a panela para o fogo, por mais uns 3 minutos. Levo a tigela com o creme para um recipiente com água e gelo, para um resfriamento rápido. Reservo, cobrindo a superfície do creme com filme plástico. Obedeça, pois isso impede que se forme uma película que é um desastre para sua consistência impecável. 


Agora, solte uns fogos e dance um pouco porque a execução precisa desta receita merece uma celebração. O procedimento é o ditado por Pierre Hermé, discípulo do Gaston Lenôtre, membros da realeza da confeitaria francesa. Sem dúvida, o verdadeiro crème pâtissière, sem reparos.




Sigo as instruções da embalagem para fazer a gelatina de morango, e monto o castelo: uma camada de gelatina que vai pra geladeira até ficar firme. Depois, uma camada de creme e, por fim, o merengue italiano (ver post do dia 06/07/11, Yes, cupcakes!). Por cima, chuva de lascas de amêndoas tostadas. Divino. A partir daí, espere que estendam o tapete vermelho. E só então chame o amado de meu rei.



2 comentários:

  1. Sandra concordo com vc .A versao itaperunense nunca me agradou .Alias eu nao gosto da mistura de coco com abacaxi ,mt tropical demais e com acucar entao....bj

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  2. Muito boa a matéria, mas acho que prefiro com o toque kitsch...a baba de moça, para mim , é indispensável rs Costume lá de casa, em Rio Grande, RGS.
    Parabéns pelo blog! bjo
    Denise

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